Quando o sentimento de tristeza, a apatia, o desânimo e a frustração insistem em durar, os sentimentos são profundos e nos sentimos sem saída, pode surgir a pergunta: E se for depressão?
A depressão é uma condição complexa e multifatorial, o que significa que muitas vezes não tem uma só causa, mas que pode surgir a partir de uma combinação de fatores que vai variar de pessoa para pessoa. Podem ser fatores psicológicos como transtornos mentais, traumas e experiências de vida, podem ser fatores sociais como estresse crônico, isolamento, ou eventos negativos como lutos e perdas, podem ser fatores biológicos como a alterações na neuroquímica do cérebro, mudanças nos hormônios ou mesmo a questão genética. Fatores como o estilo de vida e condições ambientais de suporte como acesso à saúde e proteção à violência também podem desempenhar papel importante no desenvolvimento da depressão.
Os sentimentos de tristeza, de solidão e de desânimo fazem parte das nossas vidas, são sentimentos negativos, mas que são naturais se forem passageiros. Temos fases em que passamos por um término de um relacionamento, pelo desemprego ou por conflitos que nos fazem experienciar esses sentimentos. Muitas vezes essas situações podem ser o ponto agravante de uma condição que já vinha se desenvolvendo, isso faz com que seja necessário ter atenção aos sintomas e também ao tempo de duração. Os principais sintomas da depressão são: a perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, os constantes sentimentos de culpa, dificuldade para se concentrar ou para tomar decisões, pensamentos de invalidação ou morte, alterações no apetite, para mais ou para menos, alterações no sono, para mais ou como insônia e cansaço constante, mesmo que tenha descansado.
No dia-a-dia o mal-estar emocional muitas vezes é minimizado ou ignorado, e a pessoa que sofre pode ter vergonha de falar, ter dificuldade para expressar como se sente ou ainda se sentir mal por não conseguir cumprir com as expectativas nos relacionamentos, no trabalho ou suas próprias expectativas, sentindo que está falhando. Isso pode causar isolamento social, que combinada com a autocrítica podem agravar a condição. A psicanalista Maria Rita Kehl em seu livro O Tempo e o Cão, diz que vivemos em uma sociedade que, ao mesmo tempo em que promove o prazer e a felicidade como ideais inalcançáveis, despreza a tristeza e patologiza o sofrimento. Não podemos desprezar a tristeza.
O sofrimento precisa ser escutado, e para isso é imprescindível buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. A psicoterapia permite que a pessoa que sofre comece a dar significado ao seu sofrimento e encontre novas formas de lidar com ele, auxiliando para que o corpo e a mente não fiquem sobrecarregados. Se existe sofrimento psíquico, tristeza ou desesperança, é possível elaborar a angústia e mudar a relação consigo mesmo, independente se é depressão ou não. Se você está sofrendo, procure ajuda.
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